A conferência de apresentação do estudo “O impacto económico e social da sinistralidade rodoviária em Portugal” deu ontem palco à segurança rodoviária, num evento que juntou peritos nacionais e internacionais, na ANSR e com transmissão via streaming. O evento contou com a presença da Secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar.
A conferência permitiu alertar para a importância do investimento em segurança rodoviária, um investimento que salva vidas e que tem retorno assegurado, face aos custos económicos e sociais que representa para o país.
Na sessão de abertura, o Presidente da ANSR, Rui Ribeiro, sublinhou a importância deste estudo, que revela que em 2019, os custos económicos e sociais da sinistralidade rodoviária foram superiores a 6 mil milhões de euros, o equivalente a 3% da riqueza produzida nesse ano, às verbas inscritas no Orçamento de Estado para a Educação, ou a cerca de 69% das despesas do Estado em saúde naquele ano. Estas despesas representaram, em 2019, um encargo de mais de 1200€ para cada contribuinte. “Há uma conclusão clara que tiramos deste estudo e iremos reter nesta conferência: o investimento em segurança rodoviária tem que ser uma realidade nacional. Portugal tem tudo o que necessita para ser um exemplo a nível europeu nesta matéria. Mas, para isso é fundamental um claro compromisso político e o envolvimento de toda a sociedade. Estamos ainda a uma distância considerável do nosso objetivo maior: o da Sinistralidade Zero e esse deve ser um desígnio nacional”, sublinhou Rui Ribeiro.
Durante o evento foi apresentado o estudo sobre “O Impacto Económico e Social da Sinistralidade Rodoviária em Portugal”, desenvolvido pelo Centro de Estudos de Gestão do ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão. A apresentação do estudo esteve a cargo de um dos seus autores, Jorge Miguel Ventura Bravo, que elencou alguns dos pontos principais do estudo.
Referindo que os acidentes de viação provocam anualmente custos humanos, económicos e sociais muito avultados, Jorge Bravo afirmou que é fundamental quantificar os custos, quer para informar o debate sobre as politicas públicas de segurança rodoviária em Portugal, quer para as análises de custo-benefício e de quantificação do retorno social de investimentos.
Carlos Lopes, diretor da Unidade de Prevenção e Segurança Rodoviária na ANSR, alertou para o facto de a sinistralidade rodoviária ser um problema de saúde pública, explicando para que servem os custos económicos e sociais no planeamento da segurança rodoviária. Sublinhou ainda a importância de alertar a população para a dimensão económica e social deste problema, procurando que tomem decisões informadas sobre a sua vida pessoal, em sociedade, na política e no seu trabalho, assumindo assim a sua responsabilização partilhada inerente à abordagem do Sistema Seguro na Segurança Rodoviária.
Durante a sessão, Rob Mclnerney, CEO da International Road Assessment Programme (iRAP), explicou o que tem falhado nas políticas de segurança rodoviária e o que deve ser feito para reduzir a sinistralidade rodoviária, e como o investimento do setor privado pode salvar vidas. Matthew Baldwin, Diretor Geral Adjunto da DG MOVE - Comissão Europeia, falou sobre a importância da segurança rodoviária e o que a Comissão Europeia pretende alcançar neste domínio. Alertou que a sinistralidade rodoviária é a “pandemia esquecida”, onde se perdem muitas vidas humanas, com custos elevadíssimos para as economias. Matthew Baldwin enalteceu ainda o trabalho feito por Portugal em matéria de segurança rodoviária nos últimos anos.
Ana Tomaz, Vice-Presidente da ANSR, relembrou que os acidentes rodoviários devem ser encarados de forma diferente: “Não devemos aceitar um sistema que mata”. Na sua intervenção, subordinada ao tema “Investimentos em Segurança Rodoviária em Portugal: casos de sucesso” citou, como exemplo, o investimento realizado na melhoria de diversas infraestruturas rodoviárias e no impacto que tiveram no número de vidas que foram salvas. Para Ana Tomaz, o investimento em segurança rodoviária e em infraestruturas mais seguras é o melhor investimento que um país pode fazer, dado que para além de salvar vidas, apresenta um elevado retorno económico e social.
Importa referir que os acidentes rodoviários registados em 2019 tiveram um custo económico e social para o país estimado em 6.422,9 milhões de euros.
Estudo - PT
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